sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Homenagem aos amigos proeiros da vida

 Liguei o computador e abriu-se minha caixa de correios muitos e-mails.

Mensagens de alentos, de carinhos, beijos, abraços, mimos.

Incontáveis votos de melhoras, de pronto restabelecimento, de esperança.

Mensagens engraçadas, mensagens pedindo desculpas por ter falhado a um compromisso, mensagens de esperança e otimismos, mensagens relatando fatos, mensagens pedindo para serem reenviadas para que através das mesmas os destinatários  tomassem  uma determinada postura política, ecológica ou até social, mensagens de pais desesperados, mensagens relatando fatos tristes enfim, mensagens  de pessoas que nunca as vi e, no entanto, fazem parte do meu cotidiano e moram dentro do meu coração.

Comecei a refletir a respeito do poder da Internet e constatei que me foi benéfica.

Através da mesma pude conhecer pessoas que são "proeiros" em tantas coisas na vida e mesmo com as mais turbulentas tempestades conseguem vencer todas as regatas com honestidade, bravura, sinceridade e amor.

Resolvi então, transcrever um artigo de autor desconhecido e que foi publicado em janeiro de 1948 no Yachting Brasileiro para que alguns "proeiros" da vida viessem a conhecê-lo. Decidi também, dedicá-lo para as pessoas que sem mesmo saber, são “meus proeiros” porque mesmo sentindo que as ondas estão batendo tão forte ao encontro do casco, em eminência de arrebentá-lo, não saltam para o bote deixando a embarcação à deriva, com fleuma sobrenatural acalmam os demais tripulantes e os conduz a salvos fora da turbulência.

Peço que recebam hoje a Medalha que humildemente coloco em seus pescoços como vencedores da Regata da Vida, com todo o meu carinho e apreço.

“O QUE É UM PROEIRO? 

Sujeito que tem de combinar a agilidade de um macaco com a força de um elefante, a vista de um gavião, o ouvido de um rato, a resistência de um bambu cortado em noite de luar.

Deve possuir o pescoço de uma girafa para enxergar em volta da buja os barcos que navegam a sota-vento e a capacidade de respirar até debaixo d'água.

São preferidos os que possuem costas largas para fazerem as vezes de bode expiatório e que tenham quatro ou mais braços, com as respectivas mãos, estas delicadas - tipo parteira, para desatar nós criminosamente atados por comandantes e imediatos de meia tigela.     

Deve saber torcer o pescoço horas a fio, sem descansar para "cantar" a buja; deve possuir um peso certo, com tolerância apenas de gramas, com uma carne insensível que lhe permita deitar em cima de olhais e escotas em bolinas cochadas que nunca mais terminam.

Eremita que vive na proa de um barco a vela tendo que estar prestes a executar qualquer comando que soa do cockpit. Somente pode fumar e se alimentar havendo vento em popa, pois de outra forma a água o arrancaria do convés com sanduíches e o cigarro em dois tempos.    

É o sacrificado das regatas vitoriosas, pois, por motivo de economia incompreensível, não recebe medalhas, desaparecendo do palco depois de obtida a vitória com o esqueleto doído, os olhos inchados pela água do mar, a boca amarga, e as mãos rijas de tanto se agarrar, mas com o coração entornando porquê... GANHAMOS!”

Maria Aparecida

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Uma reflexão

 OBSERVAS O RELÓGIO

Antonio Baptista

Ele dá uma batida de cada vez.
Todos os dias tem que bater milhares de tique-taques, contudo leva um segundo para cada um deles, não bate todos de uma só vez, nem tenta fazê-lo.
Não se preocupa com as batidas que deu ontem ou com as que dará amanhã. Contenta-se em bater corretamente as do momento. Se quiseres ser tão tranquilo e sereno como um relógio, procuras viver apenas o momento presente, sem atropelares para viver toda vida em um só dia.
Existem modos fáceis e difíceis de fazer o que se pretende: olhas para o relógio - ele não se preocupa e não se atropela; não se atrapalha, mas faz o que tem que fazer.
Lembra-te: um tique-taque de cada vez.