quinta-feira, 20 de abril de 2017

IRREPARÁVEL

Tudo parecia rotineiro, dia 05 de Novembro de 2015:  não chovia  (embora já fosse época das chuvas). Eram aproximadamente 16 horas e 20 minutos. Os operários da Mineradora Samarco já se preparavam para o fim de mais uma jornada de trabalho, alguns chegavam a conferir o relógio e pensar "daqui a pouco estou na minha casa, assistindo A regra do Jogo e vendo a Adesabeba com o safado do Zé Maria".
O Distrito de Bento Gonçalves, próximo à empresa era onde a maioria deles morava e se preparava para receber a rotina de mais entardecer como outro qualquer.
Quando de repente ouviu-se um grande estrondo BUMMMM! E como eram normais barulhos nem se importaram, mas em pouco tempo um tsunami de lama carregada com rejeitos minerais, descia o planalto cristalino com velocidade espantosa, à partir da Barragem do Fundão, passando por cima da Barragem de Santarém, atingindo em cheio o pacato Distrito de Bento Gonçalves.
Não sobrou pedra sobre pedra. O saldo desumano foi de centenas de pessoas desabrigas que perderam tudo o que levou uma vida para juntar e ainda 19 pessoas, queridas., entre mortos e desaparecidos. Foi uma tragédia.
A onda não parou ai, atingindo os cursos d'água dos rios Guaiaxo e Rio Doce.
Atingindo também outros municípios de M.G e E.S até chegar no oceano atlântico
Segundo o IBAMA, estima-se que a quantidade de lama lançada era de 50 milhões de metros cúbicos, de rejeito de minérios (óxido de ferro e sílica).
A barragem do Fundão pertence a Mineradora Samarco, empresa que beneficia o minério de ferro na região. A Samarco é fruto de duas grandes acionistas: A Anglo Australiana B.H.P. Billiton Brasil Ltda. e a brasileira Vale S/A.
As causas mais prováveis que provocou o rompimento:
Segundo  informações da Samarco dois tremores de terra foram detectados na área duas horas antes (estes tremores são normais na região, são de baixa magnitude, provocado por assentamentos de blocos cristalinos falhados abaixo do subsolo).
Segundo um laudo obtido pelo jornal "O Globo" mostra que já se sabia do risco.
"O contato entre a pilha de rejeitos e a barragem não é recomendado por causa do risco de desestabilização do maciço da pilha e da potencialização de processos erosivos", diz o laudo.
Para o Ministério Público houve negligência da empresa. A FEAM ( Fundação Estadual do Meio Ambiente) declarou que chegou a recomendar a necessidade de se fazer reparos na estrutura da Barragem de Fundão.
DANOS AO MEIO AMBIENTE
Segundo a coordenadora do núcleo de emergência do IBAMA de MG. Ubaldina da Costas Isaac, a lama atingiu um extensão de 80 km do leito da água na região. Uma das consequências foi o assoreamento, ou seja, o acumulo de sedimentos na calha do rio, causando impactos sócios econômicos e ambientais. Conforme o IBAMA houve alterações nos padrões de qualidade da água ( turbidez, sólidos em suspensão e teor de ferro) Outro impacto foi a mortandade de animais terrestres e aquáticos, por asfixia. Já no Rio Doce onde a lama chegava mais diluída a morte dos peixes ocorreu pelo sistema respiratório, complementa o IBAMA.
Em Governador Valadares, uma das cidades banhadas pelo Rio Doce, o diretor geral do serviço autônomo de água e esgoto, Omir Quintino, disse que a água coletada  para a analise apresentou alto índice de ferro, o que inviabiliza o tratamento, além de grande quantidade de mercúrio, que é muito tóxico.
PREVENÇÃO
A mineradora não usou um alarme sonoro para alertar a população sobre o rompimento. Em sua defesa a Samarco disse que nunca recebeu nenhum pedido dos moradores para que houvesse algum alarme ou sirene. E que assim que aconteceu o acidente, entrou com um plano emergencial através de telefonemas para os moradores.de Bento Rodrigues que deixassem suas casas. A obrigatoriedade esta prevista na Convenção número 176 e a RECOMENDAÇÃO 183 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre segurança e saúde nas minas, que esta em vigor no país graças ao decreto 6.270/2.007.

Pois é! O dia 5 de Novembro de 2015 deixou de ser mais um dia no calendário. Foi o dia em que moradores do Distrito de Bento Rodrigues  que viram tudo o que construíram com suor, lágrimas e alegria acabar em um piscar de olhos e também para todos nós que assistimos danos irreparáveis para nosso meio ambiente ou quiçá leve apenas alguns séculos para se recompor. 

Imagem obtida na Internet
Autoria do texto: Marcos A. Moraes